Uma nova forma de pensar é crucial para um futuro sem legados

2021 foi mais um ano difícil. Mesmo assim, a pandemia em curso também nos trouxe algumas coisas boas. A transformação digital que muitas empresas tiveram de implementar rapidamente conduziu certamente a novos conhecimentos. Por exemplo, a forma como lidamos com o trabalho à distância, que soluções de TI utilizamos e como nos podemos livrar permanentemente do legado.

Robert van der Linden, Director Executivo da Thinkwise

Os últimos anos foram um grande ponto de viragem na indústria do software. As organizações que funcionavam perfeitamente com um sistema de TI central dos anos 90, complementado com inúmeras aplicações periféricas, aperceberam subitamente que tinham chegado a um ponto de ruptura. Afinal, não se pode continuar a acrescentar mais soluções de emergência para otimizar as operações para algo inevitável como os confinamentos e o trabalho à distância. A única solução para sair de tal impasse é rever drasticamente a sua infraestrutura de TI e, finalmente, libertar-se da sua dívida tecnológica de uma vez por todas.

Não há garantia de sucesso

Em qualquer tipo de modernização da TI, as soluções antigas são o maior obstáculo. Como substituí-las num período de tempo razoável e sem o risco de o projeto ser entregue com atraso, ultrapassar terrivelmente o orçamento ou mesmo falhar completamente? Afinal de contas, na indústria do software quase não existem garantias de que um projeto será realmente bem sucedido.

Isto significa que tem de fazer uma escolha muito estratégica, que determinará o futuro, e até a própria existência, da sua organização. Não deve ter medo de romper com os velhos métodos e formas de pensar. Tendo isso em mente, vamos listar algumas considerações.

1. Quão crítica é a situação?

Substituir uma solução de TI desatualizada que é a base das operações da sua empresa é um passo extremamente radical. Deve haver uma razão convincente que justifique a decisão. Pode ser, por exemplo, o aumento dos custos de manutenção, limitações em termos de inovação e desenvolvimento contínuo ou problemas de capacidade e segurança. Para além do fato de o software, mais cedo ou mais tarde, chegar ao fim da sua vida útil, os especialistas em TI, que podem compreender e manter a tecnologia obsoleta, irão todos gradualmente reformar-se. O que é que vai fazer quando os últimos forem embora? Por isso, não espere muito tempo para resolver este problema. Caso contrário, poderá ser tarde demais.

2. Programação, configuração ou modelação

A próxima questão crucial é saber qual o caminho correto a seguir. Optará por desenvolver um sistema completamente personalizado com ferramentas de desenvolvimento tradicionais? Se assim for, pode ter quase a certeza de que o projeto vai ultrapassar o orçamento e custar uma quantidade incrível de tempo. E que, depois de o código ser entregue, terá essencialmente criado mais um sistema antigo.

Uma alternativa é selecionar um pacote de software padrão e configurá-lo de acordo com as suas necessidades. Parece uma boa ideia, mas as promessas feitas sobre a flexibilidade dos pacotes de software raramente são confirmadas. Todos os anos são perdidos montantes enormes devido a implementações equivocada de software, com algumas empresas desistindo após muitos anos de implementação.

Em geral, a maior parte do código já é legado quando é entregue, e o software normalizado só é útil se se enquadrar exatamente e apoiar os processos empresariais existentes. Portanto, a entrega de software requer uma abordagem radicalmente diferente. Tudo precisa ser muito mais estruturado e rápido.

Por isso, a utilização da modelação de software com ferramentas de low-code está aumentando. Oferece a possibilidade de criar software sem estar dependente dos programadores tradicionais. Um software que pode ser criado de forma estruturada e que pode ser expandido e modificado sem qualquer problema. Isto permite-lhe obter resultados tangíveis muito mais rapidamente e envolver os empregados numa fase muito mais precoce do processo.

3. Desenvolver mais rapidamente significa pensar de forma diferente

No desenvolvimento de software moderno, deve sempre concentrar-se na entrega de Produtos Mínimos Viáveis (MVPs). Analisar os desafios mais importantes que a organização enfrenta e tentar resolvê-los o mais rapidamente possível utilizando software.

Isto é muito diferente do desenvolvimento de software tradicional, em que os fornecedores de serviços de TI colocam aos seus clientes todo o tipo de questões difíceis sobre os seus processos empresariais e obrigam-nos a fazer escolhas importantes no início do processo. Esta forma antiga de fazer software está totalmente fora de contato com a forma como as pessoas pensam.

No novo mundo, as coisas são totalmente diferentes. É possível acelerar drasticamente a velocidade de desenvolvimento através do desenvolvimento com ferramentas modernas de low-code. É possível gerir um grande projeto concentrando-se na entrega de MVPs e não de todo o projeto de uma só vez. Pode então expandir esse software fácil e rapidamente dentro da mesma estrutura de low-code, sem a necessidade de todo o tipo de aplicações periféricas.

4. Procure a certeza

Uma vez mordido, duas vezes tímido, mas ainda há muitas empresas e organismos governamentais que continuam a esquecer-se disto e a repetir os mesmos erros. Escolhem um pacote de software “seguro e fiável” que, no final, após anos de configuração, continua a não corresponder às suas expectativas. Acreditam nas promessas de um fornecedor de serviços informáticos que, posteriormente, não consegue entregar um projeto dentro do orçamento e dos prazos estabelecidos. Ou gastam milhões em desenvolvimento personalizado para só depois descobrirem que a solução já não corresponde às necessidades atuais. Ou que a tecnologia se tornou obsoleta e foi ultrapassada por algo novo.

Tudo isto pode ser evitado se começarmos a pensar de forma diferente sobre o software. Selecionar software de alta qualidade e um fornecedor de software que garanta o sucesso. O software empresarial é drasticamente diferente, porque é possível modelar a funcionalidade em vez de a programar. Isto é muito mais rápido e também o torna menos dependente de programadores ou consultores dispendiosos. Utilizar software que não seja rígido, mas que possa ser continuamente modificado e desenvolvido. E tudo isto sem se tornar tecnologicamente obsoleto e sem o risco de o conhecimento sobre o funcionamento do software acabar por desaparecer da organização. Na minha opinião, este é o caminho para um futuro sem legado.

_{Fonte: Robert van der Linden, Thinkwise CEO}